terça-feira, 27 de maio de 2008

A velha máquina de deslizar

Esta lâmpada é um brinquedo
Lento e decrescente
Que me gasta com o tempo
Vou gritando pelo escuro a ferver do que mostravas
Tenho uma cobra na língua
Que me alarga a pele
A seguir da torrente
A seguir já não me lembro
A não ser que tente
Há mais dias para dizer o que seria se fosse ele
Tens uma rosa na língua
Que me agasta
Esta casa é um veneno
Deito-me e
Passa de repente

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Doze Maçãs

Eram doze maçãs molhadas
Sentadas na boa mesa
À espera da criada
Pingam plumas de almofada
Ali à luz da lanterna
Para dentro de copos de água

Na árvore onde foram casadas
Não há nada que valha a pena
Cai a última lá para baixo
E a corda fica presa
Quem está a bater nos canos?
Perguntou a maçã quadrada

Para as onze acordadas
À espera que o vidro trema

terça-feira, 6 de maio de 2008

Lamento

Na noite antes da véspera, eu Lamento:
uma insónia,
dois poemas perdidos,
ter aprendido a nadar,
o palco e a plateia,
o fosso que está cheio,
os dentes de velho,
o meu braço direito,
as favas do Olimpo,
o ronco outonal,
o comboio mal estacionado,
os bombeiros pelas escadas

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Dia feriado

O Blake, o Faulkner, o Baudelaire e o Pirandello foram tomar café.